quarta-feira, 2 de julho de 2008

Sim, acreditamos!

A família é um grande incentivador tanto para o caminho da recuperação, como algumas vezes para agravar a dependência. Além da força de vontade existe um trabalho de apoio conjunto essencial para a conquista do sucesso.


Cerene. É o nome de um lugar que devolve a esperança e o prazer de viver. cerene vem de Centro de recuperação Nova Esperança que trabalha para a reabilitação de dependentes químicos, desde 1989. Este trabalho vem acontecendo desde 2 de maio de 1989, na cidade de Blumenau. Mas o projeto se expandiu e hoje já possui quatro unidades, em Blumenau, Palhoça, São Bento do Sul, e também no Paraná na cidade de Lapa.


No cerene estão pessoas de diversos lugares do Brasil, de idades, cores e vidas completamente diferentes. Cada um deles é único, com suas origens, seus olhares, suas conquistas e decepções. Mesmo que estejam lá internados para conquistar o mesmo objetivo de se livrar das drogas, cada um deles representa a sua própria realidade.



O tratamento tem quatro etapas que devem ser entendidas e seguidas: Admitir que possua um problema a ser tratado; Acreditar é entregar-se ao tratamento e À fé como instrumento de melhora e por fim, mas não mais simples a auto avaliação.


Daniel Quadrado, psicólogo, diz que alguns sinais ajudam a perceber o uso da droga por algum membro da família. “Mudanças repentinas de comportamento, introspecção, isolamento, troca do dia pela noite, emagrecimento, falta de motivação para tudo, desleixo visual e profissional, são alguns indícios. Outros ainda são mentiras seguidas, manipulação, culpar os outros pelos seus problemas, baixa auto-estima, mudança de grupo de amizade, o usuário só se relaciona com quem também usa drogas, agressividade física ou moral com palavras ofensivas a quem se direciona a ele. São os principais indícios”.


Quando a família confirma a dependência química, algumas atitudes devem ser tomadas. Ivan, 30 anos, dependente químico em craque, diz que usava drogas a 14 e a família o ajudou na primeira internação. Isto foi seu ponto de partida, e hoje, internado a apenas 20 dias, acredita estar se recuperando graças a sua muita força de vontade. Na maioria das vezes, quando a família se apercebe deste fato, o usuário já está apaixonado pela droga a algum tempo, normalmente há mais de dois anos. Então neste ponto a doença já está instalada e enraizada no psíquico e no físico. Segundo Daniel Quadrado, a família deve encarar com racionalidade, nenhuma atitude de pânico ou exclusão contra a pessoa viciada. Deve evitar discussões ofensivas, que buscam um culpado. A procura de um profissional é a decisão a ser tomada o mais rápido possível. Clínicas de reabilitação a serem visitadas e médicos especializados em dependência química.


Toda procura do melhor tratamento tem de ser junto com a pessoa doente, e com seu reconhecimento. Everton, dependente químico de maconha, cocaína e bebida, conta que aos 12 anos de idade já fumava cigarro. Acredita que a separação de seus pais, e a desestabilização do lar foi o empurrão para a doença. Cursou escola técnica, e gostava muito de estudar, todavia o vício tirou seu emprego, onde segundo ele, ganhava bem. Tirou-lhe também a proximidade com os familiares e seu tempo de vida. A droga lhe deu mentiras e muita vergonha perante sua família. Everton procurou a internação por conta própria. Hoje acompanha todos os passos e regras e também acredita estar se recuperando. Espera voltar a trabalhar com a ajuda de seus pais.



Para chegar ao ponto de resolver o problema, há diversas dificuldades encontradas tanto pelo usuário quanto pela família. Há também a dificuldade quando o dependente não aceita que está doente e necessita de ajuda. Aí é onde os familiares têm de estar a postos. Na maioria dos casos o usuário não quer ajuda nenhuma, mesmo que nos momentos de razão pense em parar com tudo. A droga exerce uma força química no corpo do usuário fazendo com que não suporte a necessidade do corpo. Os pais como autoridades em suas famílias, nessas horas precisam representar o papel de apoio e empurrão a esse membro intoxicado e, agora, preso Às sensações provocadas pelo consumo.


A relação entre a família, o dependente e o profissional é parte integrante, essencial para o tratamento bem sucedido. Daí vem À necessidade de se procurar bons profissionais e clínicas de acordo com a meta do tratamento, e de se examinar qual a melhor forma de ações que se deve tomar para cada caso. O emprenho da família e motivação do usuário é o ponto de partida para o sucesso. No cerene, muitos dos dependentes, atribuíram sua evolução no tratamento a aposta na fé e na espiritualidade. Hoje, neste centro de recuperação, o lema de muitos deles é: buscar uma nova filosofia de vida e o prazer em outras coisas, como estudo e trabalho. Que Deus é um grande incentivador e que a recuperação existe e está dentro de cada um.


Suzana Gondim

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